Roberto Rodrigues de Menezes.

Roberto Rodrigues de Menezes



quarta-feira, 26 de maio de 2010

Marcelino Pão e Vinho.

Um pouco de saudade e cinema.

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Espanha, época do General Francisco Franco. Doze frades em um convento recebem na sua porta uma criança abandonada. Tentam a ela dar uma família na aldeia próxima, mas não conseguem, ou não vislumbram alguém que possa criá-la com toda a segurança e carinho. Acabam se afeiçoando ao bebê e suas buscas por família adotiva começam a rarear, pois no fundo desejam que a criança fique no convento com eles.

O menino é chamado Marcelino e cresce feliz junto aos seus doze pais. Está com sete ou oito anos. Trata-os por nomes carinhosos, como frei Biscoito, o encarregado da comida e responsável mais direto por ele, frei Din-don, o sineiro, frei Doente, o frade mais idoso.

Acontecem algumas peripécias envolvendo o prefeito mau que deseja expulsar os frades e não gosta do menino. Um escorpião pica o garoto e Marcelino adoece, mas os frades, com toda a dedicação do mundo, conseguem recuperá-lo. O menino vai a uma feira na cidade com um dos frades e apronta uma solene confusão, ao tirar uma maçã de uma barraca de feira, derrubando quase todas. A dona da barraca corre irada atrás dele, os bois se espantam e acabam com o folguedo, quando ocorre a maior confusão. Marcelino é reponsabilizado e até os frades ficam amuados com ele.

No convento há uma escada velha de madeira que leva ao sótão, mas frei Biscoito não permite que Marcelino suba, apesar do menino desejar muito, mais curioso ficando com a negativa. Diz o frei que lá há um homem enorme que o levará para longe.

Ele tenta algumas vezes, mas é contido pelo frei.

Marcelino possui um amigo imaginário, que chama Manoel. Brinca e se diverte com ele a todo momento. Enche-se de coragem e, num momento em que o frei Biscoito não está próximo, sobe com o amigo até o sótão.

Lá existe uma enorme imagem de um homem cravado numa cruz. Marcelino sai a correr com medo.

Resolve, no entanto, voltar lá. Enche-se de coragem e começa a falar com o estranho. Vai outras vezes e passa a lhe levar comida, especialmente pão e vinho. Cristo desce do lenho e come com ele. Denomina-o Marcelino Pão e Vinho. Os frades começam a notar a falta de comida, pois Marcelino volta e meia assalta a cozinha para alimentar o Cristo. Chega a lhe levar um cobertor, para que não sinta tanto frio. Ele tira do homem a coroa de espinhos, não querendo que sofra.

Numa dessas ocasiões, Jesus desce da cruz e senta-se numa cadeira empoeirada para comer, à frente uma mesa velha de madeira. Pergunta a Marcelino o que ele mais desejaria como presente. Este lhe pede que permita ver a mãe, que nunca conheceu.

-Para isso terás que dormir, disse-lhe a imagem revivida.

Frei Biscoito, desconfiado com a ausência de Marcelino, vai até o sótão e vislumbra, comovido e em prantos, Jesus falando com o menino. Cristo volta ao madeiro e à sua forma de imagem, enquanto Marcelino permanece imóvel, sentado na cadeira, na mesa uma caneca de vinho e um pedaço de pão. Fora finalmente ao encontro da mãe.

Os frades colocam na igreja da aldeia a imagem do Cristo crucificado e Marcelino é ali sepultado. O milagre de Marcelino acontecera e todo ano os aldeões, incluído o arrependido prefeito, relembram o episódio subindo em procissão até o convento.


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Pablito Calvo, que fez o papel de Marcelino quanto tinha sete anos, chamava-se Pablo Calvo Hidalgo. Foi ator como criança e adolescente e depois abandonou o cinema para se tornar engenheiro industrial. Faleceu em Madri no ano 2000.

O filme, lançado em 1955 pelo cineasta húngaro Ladislao Vajda, foi um sucesso mundial até 1970, tendo recebido menção honrosa em Cannes. A história era de José Maria Sanchez Silva.

A avó do menino o levou para fazer um teste, sendo ele aprovado no meio de tantos outros. Pablito fez ainda mais sete filmes, como criança e adolescente, que não fizeram o sucesso do primeiro. Formou-se em Engenharia e passou a trabalhar neste ramo, deixando o cinema. Discreto, não era dado a contato com o público.

Passou à história do cinema mundial como Marcelino Pão e Vinho.


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2 comentários:

  1. Eu tive a oprtunidad de ler e entender essa História de de fé e carinho ainda em Veranópolis no RS, quando então cursava filosofia no seminário São José, com os capuchinhos OFMCap, maravilhosa a História sobre esse garoto que viveu entre os frades que o adotaram, recomendo pois, esse livro a todas as crianças e adolescentes que estão cultivando a Literatura como um todo em prol de conhecimentos literários..

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  2. Assisti esse filme quando era criança, e nunca mais esqueci da música.

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