Roberto Rodrigues de Menezes.

Roberto Rodrigues de Menezes



quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

O realismo na Literatura Brasileira (parte III).

Cena do romance "Quincas Borba" de Machado de Assis.
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Contra os postulados do Romantismo (imaginação) ergueu-se o Realismo. Perdiam força a sensibilidade excessiva e as divagações da fantasia. O subjetivismo foi substituído pela crueza da realidade. Do subjetivo para o objetivo, do heroísmo para o vulgar, do imaginário para o positivo. Cresceu a tendência pelo pitoresco e a linguagem buscou menos classicismo e precisão. Daí adveio o Naturalismo, que começou com Emile Zola (1840-1902) na França, por volta de 1970.
O romancista é um fotógrafo que passa a se preocupar com o anatômico, o patológico e o fisiológico. Investiga o aspecto corrompido da sociedade. O Realismo ainda perdura e vem assumindo modalidades sugeridas pela Escola Modernista. (Ébion de Lima - Curso de Literatura Brasileira- Tomo 2).
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Expoentes do REALISMO:
01. Joaquim Maria MACHADO DE ASSIS (Rio de Janeiro 1839-1908).
Mulato, foi vendedor de balas, sacristão, aprendiz de tipógrafo, tendo com este último trabalho descoberto a sua verdadeira vocação. Casou com a distinta senhora Carolina Novais, irmã do poeta português Faustino de Novais. Não teve filhos e a esposa morreu antes dele. Fundou a Academia Brasileira de Letras e foi seu primeiro presidente.
Obra:
Romances: Ressurreição, A mão e a Luva, Helena, Iaiá Garcia, Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba, Dom Casmurro e Esaú e Jacó. O "Memorial de Aires" ele escreveu após ficar viúvo, uma espécie de diário. Sentiu demais a morte da esposa. Como romancista e contista é o grande mestre brasileiro. Para os jornais escreveu: Contos Fluminenses, Histórias da Meia-noite, Papéis Avulsos Várias Histórias, Relíquias da Casa Velha, etc.
Poemas: Crisálidas.
Fez poesia, mas sem o mesmo brilhantismo do romance.
" Sei de uma criatura antiga e formidável
que a si mesma devora os membros e as entranhas
com a sofreguidão da fome insaciável.
Pois esta criatura está em toda obra.
Cresta o seio da flor e corrompe-lhe o fruto;
e é nesse destruir que as suas forças dobra.
Ama de igual amor o poluto e o impoluto.
Começa e recomeça uma perpétua lida.
E sorrindo obedece ao divino estatuto.
Tu dirás que é a Morte; eu direi que é a Vida".
(Crisálidas).
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02 - JÚLIO César RIBEIRO. (Sabará (Minas) 1845 - Santos 1890). Morreu as 45 anos de tuberculose. Seu romance mais conhecido é "A carne", em que os personagens Lenita e Barbosa vivem uma paixão lúbrica e sensual. O crítico Padre Senna Freitas verberou contra o romance, chamando-o "A carniça". Outra obra, "O padre Belchior de Pontes", é vista por muitos críticos como uma tentativa de diminuir a importância dos jesuítas no seu trabalho na colônia e império brasileiros.
"... O ar é pesado, oleoso; parece que lhe falta algum elemento. Isso quando não há o vento célebre que os nativos chamam noroeste: quando sopra, reina este simum africano, esse vendaval peçonha. Santos é uma miniatura do inferno; imagine-se um tufão dentro de um forno."
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03 - ALUÍSIO Tancredo Belo Gonçalves de AZEVEDO.São Luiz, Maranhão 1857 - Buenos Aires 1913).
Aluísio Azevedo fez concurso para a carreira consular, servindo na Itália, Japão e Buenos Aires, onde morre aos 56 anos.
Romances: O Mulato, Casa de Pensão, O Coruja, O Homem, O Cortiço. Foi o introdutor do Naturalismo no Brasil. Sua obra-prima é "O Cortiço", aglomerações residenciais da pobreza no Rio de Janeiro. Mais ou menos como as favelas.
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04 - RAUL d'Ávila POMPÉIA. Rio 1863-1895).
Bacharel em Direito, militou desde jovem na imprensa e depois na política. Sensibilidade extremada, era desenhista e escultor. No meio de uma briga de frases e calúnias com Olavo Bilac, não resistiu e suicidou-se. Sua única obra, portentosa, é "O Ateneu", uma caricatura do colégio Abílio, onde estudou na adolescência. Critica impiedosamente os internatos. Disse a respeito dele Capistrano de Abreu: " É um espírito ousado. Procura sendas não batidas e às vezes encontra-as. Não tem medo da solidão; vai só e tem certeza de chegar.
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05 - JOAQUIM Aurélio Barreto NABUCO de Araújo. (Recife 1819 - Washington 1910). (Foto de 1870).
Completou a sua formação na França e na Itália. De regresso ao Brasil, entra na carreira diplomática. Na política fez campanha abolicionista e pela República. Serve ao governo como relator de nosso direitos junto à Itália na questão da Guiana Inglesa. É nomeado embaixador nos Estados Unidos, onde vem a falecer.
Obra: O Abolicionismo, Um Estadista do Império, Minha Formação. Ar aristocrata e intelectual respeitado, Joaquim Nabuco fez sucesso na carreira e nas letras. Seus escritos sofrem forte influência da cultura francesa. Foi diplomata e orador admirado. Há quem acredite que "Minha formação" foi o melhor livro que já se escreveu no Brasil. *************************

06 - RUI BARBOSA de Oliveira. (Salvador 1849 - Petrópolis 1923).
Pratica advocacia e jornalismo na Bahia. Foi ministro da Fazenda no governo provisório que se instalou com a República. Chefe da delegação brasileira na segunda conferência de paz em Haia. Foi duas vezes candidato à Presidência da República, não logrando êxito. Em 1916 foi chefe da delegação brasileira nas comemorações cívicas na Argentina. Faleceu com 74 anos.
Obra: Cartas da Inglaterra, Réplica, Oração dos Moços, A queda do Império, Discursos. De inteligência privilegiada, foi um dos mais cultos homens brasileiros. Católico na juventude, adulto tornou-se maçon e passou a criticar asperamente a Igreja Romana. Mas ao final da vida faleceu cristãmente.
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07 - JOSÉ Carlos DO PATROCÍNIO. (Campos 1854 - Rio 1905).
Filho de uma ex-escrava. Forma-se em Farmácia. Colabora na gazeta de Notícias e encabeça o Movimento Abolicionista. Opõe-se ao governo de Floriano. Permanece na Imprensa, que lhe dá o sustento. Falece aos 51 anos de hemorragia pulmonar.
Patrocínio não deixou obra catalogada. Suas produções se espalham pelos jornais e revistas. O romance "Mota Coqueiro" foi feito às fatias, sem continuidade. Fundou o jornal "A cidade do Rio", sendo porta-voz do movimento que tinha por lema: A escravidão é um roubo.
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08 - João CAPISTRANO DE ABREU. (Maranguape (Ceará) 1853 - Rio 1927).
Filhos de agricultores. Participa da imprensa intensamente em sua cidade natal. Estabelece-se no Rio como empregado da Livraria Garnier. Oficial da Biblioteca Nacional. Consegue com brilhantismo, por concurso, a cadeira de História do Brasil no Colégio Pedro II. Colabora em muitos jornais do Rio.
Obra: Descobrimento do Brasil, Estudos e Ensaios (três séries) e Capítulos da História Colonial. É considerado um dos maiores historiadores do Brasil.
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09 - CARLOS Maximiliano DE LAET. (Rio 1847-1927).
Estudou Humanidades no Colégio Pedro II e bacharelou-se em matemática na Escola Politécnica. Dedicou-se ao jornalismo e ao magistério durante toda a vida. Foi professor e diretor no Pedro II. O paladino da imprensa católica morreu aos 80 anos.
Obra: Em Minas ( Crônica de Viagem, História e Crítica), Conferências, Antologia Nacional (em colaboração com Fausto Barreto), Polêmicas, etc.
Defendeu a ortodoxia católica e a monarquia com brilhantismo.
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Antologia Literária da Academia São José de Letras. As cinquenta encadernações da revista da Academia "O trinta réis". Coletânea de poemas, contos e crônicas dos acadêmicos da Asajol.
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Alguns dos integrantes da Academia. Ao todo as vagas são quarenta, faltando o preenchimento de quatro, já que em Setembro deste ano foram eleitos mais três acadêmicos.. O presidente, o último da direita, em pé, é o escritor Artêmio Zanon, membro também da Academia Catarinense de Letras. Ao lado do presidente o acadêmico Gilberto Pedro Hoffmann Nahas, nascido na Palhoça em 1928 e falecido em 06 de julho deste ano.
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