Roberto Rodrigues de Menezes.

Roberto Rodrigues de Menezes



sábado, 2 de fevereiro de 2013

A GUARDA SUÍÇA DO PAPA.


Imagem: oglobo.globo.com

A Guarda Suíça do Vaticano

Guarda Suíça Pontifícia é o nome dado à tropa responsável pela segurança do papa e por ajudar a manter a ordem no Vaticano. É o grupo militar em atividade mais antigo do mundo, constituindo atualmente o equivalente às forças armadas da Cidade do Vaticano. O número de integrantes varia de acordo com as necessidades do papa em exercício. É a única guarda do mundo em que a bandeira é alterada a cada novo chefe de Estado, pois contém o emblema pessoal do papa.

A defesa do Vaticano é de responsabilidade da Itália, enquanto a segurança do papa fica a cargo da Guarda Suíça. O Estado da Cidade do Vaticano, como é oficialmente conhecido, emite autonomamente moeda, que desde 2002 é o Euro (antes era a Lira italiana), selos e passaportes; tem seus próprios embaixadores ou representantes, um jornal oficial (Acta Apostolicae Sedis – Atos da Sé Apostólica, em latim), uma estação de rádio (Rádio Vaticana), os Bombeiros do Vaticano, a força militar denominada Guarda Suíça e uma força policial, denominada Corpo da Gendarmaria do Estado da Cidade do Vaticano, responsável pela segurança, ordem pública, controle das fronteiras, controle de tráfego, investigações criminais e outras funções policiais dentro do território do Vaticano.

Integrantes da Guarda Suíça ocasionalmente podem auxiliar a Gendarmaria na segurança de autoridades estrangeiras em visita ao Vaticano, misturar-se com as multidões na Praça de São Pedro em ocasiões comemorativas e acompanhar o papa durante suas viagens internacionais. Nesses casos os guardas servem como guarda-costas em trajes civis, equipados com armamento variado e equipamentos de comunicação, ao invés das tradicionais alabardas (lança com uma espécie de machado em uma das pontas, usada principalmente da Idade Média para defender os muros dos castelos, enfrentar primariamente cavalaria e secundariamente tropas a pé).

Sala do arsenal da Guarda Suíça (Foto Alessandro Bianchi - Reuters)
Imagem: g1.globo.com

Defensores da Liberdade da Igreja

A Guarda Suíça foi formada em 22 de janeiro de 1506, em atendimento a uma solicitação de proteção feita em 1503 pelo papa Júlio II aos nobres suíços. Cerca de 150 nobres, tidos como os melhores e mais corajosos, chegaram a Roma vindos de Zurique, Uri, Unterwalden e Lucerna (regiões da Suíça). O seu primeiro comandante foi o capitão Kaspar Von Silenen, originário de Uri.
A língua oficial da guarda é o suíço-alemão, seu lema é "Coragem e fidelidade" (em latim: Acriter et fideliter) e tem como patronos São Sebastião, São Martinho e São Nicolau Von Flüe.

Em 1512, pela bravura já demonstrada na defesa da Cidade do Vaticano, os integrantes da Guarda Suíça receberam do papa Júlio II o título de “Defensores da Liberdade da Igreja”.

Recrutas em cerimônia de juramento no salão Paulo VI, no Vaticano (Foto Max Rossi - Reuters)
Imagem: g1.globo.com

O menor exército do mundo

É o único grupo de soldados particulares que a lei suíça permite. Para ser membro da Guarda Suíça é necessário ser católico praticante com boa reputação social, treinamento militar no exército suíço com certificado de boa conduta, altura mínima de 1,74m, diploma profissional ou ensino médio concluído e idade entre 19 e 30 anos. Não pode haver qualquer registro criminal e, assim como em outros exércitos, os soldados não podem ser casados ou se casar enquanto estiverem na guarda, sendo o mesmo permitido para os sargentos e oficiais.
Dois anos de serviço é o tempo mínimo de compromisso de um membro da Guarda Suíça, renovável até um máximo de 20 anos. O soldo mensal atual é de 1200 euros e não é permitido a nenhum integrante da guarda dormir fora do Vaticano. A guarda dispõe de alojamentos e uma capela onde o capelão da guarda realiza celebrações litúrgicas particulares, pois nas oficiais a guarda encontra-se em serviço.

O uniforme que a guarda usa atualmente foi desenhado por Jules Réspond (comandante no período de 1910 a 1921) a partir do modelo que alguns atribuem à Michelangelo por volta de 1505, apesar do Vaticano oficialmente afirmar que o uniforme foi desenhado por Rafael Sanzio, que também pintou a Capela Sistina e influenciou a moda da Itália na época. Como ambos possíveis criadores são contemporâneos, é considerado um dos uniformes militares mais antigos do mundo.
Inicialmente a cor predominante do uniforme era o amarelo-ouro, cor dos nobres suíços que originaram a guarda. A cor azul foi introduzida como referência à família Della Rovere (de Roma) e o vermelho em referência à família Médici (de Florença). Ambas famílias italianas tiveram em sua linhagem diversos papas ao longo dos séculos, sendo que os Médici eram também banqueiros que controlavam a fortuna do Vaticano.
O capacete e a couraça peitoral seguem o modelo das armaduras medievais. A pluma vermelha do elmo (capacete) foi introduzida pelo papa Leão X, simbolizando o sangue derramado em defesa do papa.
A Guarda Suíça não utiliza botas, calçando meias aderentes às pernas que são presas à altura dos joelhos por uma liga dourada, sendo eventualmente cobertas por polainas. O tecido de cetim recorda o esplendor das antigas cortes europeias e as cores chamativas o orgulho de ser soldado.

Imagem: denunciasecriticas.blogspot.com

Bravura e sacrifício da Guarda Suíça

A batalha mais expressiva da Guarda Suíça aconteceu em 6 de maio de 1527, quando as tropas invasoras do imperador Carlos V (do Sacro Império), em guerra com Francisco I (da França e República de Veneza), entram em Roma. Após a vitória militar, incapaz de pagar os mercenários, o imperador Carlos V libera o saque de Roma. O exército imperial era composto de cerca de 18000 homens, entre tropas alemãs e mercenários espanhóis e italianos. Em frente à Basílica de São Pedro e depois nas imediações do Altar-Mor, a Guarda Suíça lutou contra cerca de 1000 soldados alemães e espanhóis. Combateram ferozmente formando um círculo em volta do papa Clemente VII visando protegê-lo. Faleceram 108 dos 150 guardas, mas em contrapartida 800 dos 1000 mercenários do assalto caíram mortos pelas alabardasdos suíços. Os 42 sobreviventes da guarda acompanharam o papa e alguns cardeais através de uma passagem secreta (Passetto di Borgo) do Palácio Episcopal até o Castelo de Santo Ângelo.
Os mercenários, na maioria luteranos, saquearam por oito dias o Vaticano, levando ou destruindo obras de arte, relíquias e profanando sepulturas de papas. Cercaram o Castelo de Santo Ângelo e realizaram procissões de paródia, ofendendo os santos católicos e gritando ser Lutero o novo papa. O castelo tornou-se o refúgio de Clemente VII por sete meses, até que a peste surgida em Roma fizesse com que o cerco fosse levantado. Mesmo assim o imperador Carlos V exigiu e recebeu uma rendição formal e pagamento de 400 mil ducados em troca da liberdade papal.

Por conta desta batalha, o dia 6 de maio é a data de admissão dos novos guardas. Na ocasião, um por vez presta juramento com a mão direita levantada e os dedos polegar, indicador e médio estendidos – simbolizando a Santíssima Trindade – enquanto com a mão esquerda segura o estandarte da guarda.

Recruta faz juramento com três dedos simbolizando a Santíssima Trindade (Foto - Reuters)
Imagem: g1.globo.com

A história da Guarda Suíça

Após o saque a Roma e ao Vaticano, a Guarda Suíça foi dissolvida em 5 de junho de 1527 como parte das exigências do imperador Carlos V para a liberação do papa Clemente VII, refugiado no Castelo de Santo Ângelo.

Em 3 de fevereiro de 1548, o papa Paulo III recria a Guarda Suíça com um efetivo de 225 homens.

O papa Pio V enviou a Guarda Suíça na coalizão de tropas para combater os turcos otomanos na Batalha de Lepanto, em 7 de outubro de 1571. A vitória desta batalha representou o fim da expansão islâmica no Mediterrâneo.

Em 1798, Napoleão conquista o Vaticano, exila o papa Pio VI na cidade francesa de Valence e obriga o papa a dissolver a Guarda Suíça.
Em 1799, Pio VI morre no exílio e no ano seguinte o exército austríaco expulsa os franceses de Roma. Postos em liberdade, os cardeais reúnem-se em Veneza e em 1800 elegem o papa Pio VII, que reconstitui a Guarda Suíça em 1801 com os 64 milicianos que haviam permanecido no Vaticano.
Em 1809, as tropas de Napoleão novamente conquistam Roma e prendem Pio VII, que é obrigado a dissolver mais uma vez a Guarda Suíça. O papa Pio VII é aprisionado em Savona (Itália) e depois transferido para a cidade francesa de Fontainebleau, sendo libertado em 1814, com a derrota de Napoleão diante da aliança militar encabeçada pelos russos, ingleses e austríacos. Em 24 de maio de 1814, Pio VII retorna ao Vaticano e reconstitui a Guarda Suíça, que estava dispersa.

Em 1824, o papa Leão XII aumenta o efetivo da guarda para 200 integrantes.

Em 1848, os então 153 homens da Guarda Suíça defenderam o papa Pio IX dos ataques dos republicanos revolucionários italianos à residência papal (Palácio do Quirinal).
Entre 756 e 1870 os Estados Pontifícios, tendo Roma como capital, eram um dos governos autônomos que compunham a Península Itálica antes da unificação da Itália. Em 20 de setembro de 1870, após fracassadas negociações com o papa Pio IX, o governo italiano invade e conquista sem resistência os Estado Pontifícios, havendo luta apenas na tomada de Roma. A Guarda Suíça concentrou-se no Vaticano, mas Pio IX preferiu render-se sem luta. O acordo de rendição permitiu a continuidade do livre exercício da Guarda Suíça, além da Guarda Nobre Pontifícia e da Guarda Palatina de Honra (organizações militares que existiam no Vaticano nesta época).

Quando a Alemanha nazista ocupou Roma em setembro de 1943, a Guarda Suíça e as outras unidades (Guarda Palatina e Guarda Nobre) que na época constituíam as formas armadas papais foram colocadas em estado de alerta, com aumento no número de postos de vigia. As alabardas e espadas foram substituídas por espingardas Mauser com baionetas e cartucheiras. Embora as tropas alemãs patrulhassem o território italiano até a Praça de São Pedro, não houve tentativa de invasão pela fronteira do Vaticano nem confronto com as tropas alemãs. Nessa época a Guarda Suíça contava com 60 homens, podendo oferecer uma resistência meramente simbólica.

Imagem: simplesvirtude.wordpress.com

Prestando continência para a hóstia consagrada
Imagem: salvemaliturgia.com
(Remetido pelo amigo Sylvio Bazote, de Juiz de Fora, Minas Gerais).
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