Roberto Rodrigues de Menezes.

Roberto Rodrigues de Menezes



domingo, 20 de dezembro de 2015

ARTE E RABSCOS


 

Da arte verdadeira à “rabiscagem”
Gregorio Vivanco Lopes  
O quadro acima intitula-se Mulher chorando.
Nenhuma mulher gostaria de ter tais feições, a menos que estivesse sendo vítima de alguma possessão diabólica. Que moça ou senhora sentir-se-ia à vontade, olhando-se no espelho e vendo refletida essa figura? Pensaria tratar-se de uma alucinação. Ou então, que um demônio teria desfigurado sua face.
Entretanto, esse é um dos quadros mais celebrados de Pablo Picasso, pintado em 1937, quando tinha 56 anos.
     Mas não pense o leitor que esse e numerosos outros quadros medonhos ou inextricáveis foram por ele produzidos por falta de talento. Não! Picasso tinha muito talento.
     Sua primeira pintura [foto acima] data de 1895, com a idade de apenas 14 anos, e representa uma Primeira comunhão. Note-se a piedade da menina e o delicado de seu vestido branco, que cai com elegância. O autor soube manifestar esplendidamente a dignidade do pai, cuja distinção varonil lhe confere características de nobreza. O coroinha, de extração social mais popular, esmera-se em manter o altar bem composto. Tudo é belo no quadro, inclusive o lustre e o tapete. Tudo fala de ordem, elevação de sentimentos, piedade autêntica –– numa palavra, de catolicidade.

Dois anos depois, em 1897, Picasso pintou esta obra-prima [acima], intitulada Ciência e caridade. A palidez quase cadavérica da enferma denota um organismo profundamente combalido. Seu olhar agradecido, mas quase extinto, dirige-se para a irmã de caridade que lhe oferece algum alimento líquido, enquanto sustenta no braço esquerdo uma criança, provavelmente filha da doente. O médico segura-lhe o pulso e conta os batimentos com ar atento e preocupado. O ambiente é muito modesto, patente no desbotado das paredes, na simplicidade da cama e do cobertor, no vestidinho da criança.
Como foi possível que um pintor, com talento tão precoce, após representar com tanta arte ambientes tão diferentes, descambasse depois para representar figuras monstruosas como aMulher chorando?
Deixando de lado a trajetória de qualquer pintor em concreto, tocamos aqui num ponto delicado que diz respeito ao segredo da chamada “arte moderna”. Ela parece ter sido alicerçada sobre o ódio à obra da Criação, e por isso a deforma. Tal “arte” não é nem retratista nem procura realçar os aspectos espirituais das realidades terrenas; pelo contrário, parece empenhada em salientar o grotesco, o disforme, o hediondo, quando não o esotérico.
     Tal conclusão parece impor-se quando consideramos que, ao lado de numerosos impostores que se limitam a produzir rabiscos como se fossem arte, há artistas verdadeiramente talentosos que inexplicavelmente aderem à “rabiscagem”.


(*) Gregorio Vivanco Lopes é advogado e colaborador da ABIM
  

Fonte: Agência Boa Imprensa – (ABIM)

Nenhum comentário:

Postar um comentário